quarta-feira, 7 de outubro de 2009

No dia 10 de Junho de 1959, na cidade do Rio de Janeiro, dei as caras no mundo, muito a contra gosto do papai.
Tive uma infância saudável, tinha muito amor e carinho da vovó. Separada da minha mãe e convivendo com a indiferença paterna.
Assim começou a vida desta adicta (dependente química), que desde janeiro de 1999 está limpa, somente pela misericórdia de Deus e pela minha boa vontade. Vivo com relativo acerto.
Apartir de agora, relato uma longa jornada de muitos tropeços.

Meu pai nunca bebeu, tão pouco usou drogas, mas sofria de um forte desequilíbrio mental, era extremamente anti-social e violento. Aliviava a sua ira, na vovó e em mim. Apanhei muito e sem motivos, ele tinha ódio da mamãe, e desde sempre, eu era obrigada a emprestar os meus ouvidos para os maiores absurdo e deploráveis desabafos, contra a minha mãe, e, se por algum arroubo de revolta eu me manifestasse contra a sua opinião, era surrada instantaneamente.

Me recordo, com vergonha e tristeza, que por duas vezes, os vizinhos chamaram a polícia, por não aguentarem a violência em mim infringida. Quiseram lincha-lo, por suspeitar que ele me violentava sexualmente, mas isto nunca aconteceu, sofri muito com os abusos físicos (surras) e psicológicos, mas , abuso sexual, nunca.

Eu já devia contar uns 8 anos, quando começaram a surgir alguns distúrbios psicológicos, não gostava de estudar e tão pouco aprendia, em consequência disso, a minha, já frágil auto-estima entrou em queda. Me sentia a mais feia e burra das meninas, quando isto não era verdade, hoje sei. Era alta, loura, corpo escultural, ótima atleta de natação, era bonita, mas encoberta por um sentimento de inferioridade.

Via a minha mãe uma vez por ano, e a aguardava com muita ansiedade, mas para receber os presentes, aí se iniciava uma inversão de valores. Cresci em meio de alguma dificuldade financeira e muita desarmonia familiar.
Aos 11 anos, conheci uns garotos que me apresentaram as drogas, bolinhas, era como eram chamadas, tratava-se de comprimidos para os mais diversos males, cardiopatias, demência, escleroses e por aí a fora, mas para mim, tinham uma única finalidade; anestesiar, alucinar, pintar com outras cores a minha cinza vida.
A vovó era farmacêutica, era responsável pela maior drogaria da cidade, e eu tinha acesso e crédito nesta farmácia. comprei e roubei muito, comecei com os xaropes, Ambenil, Pambenil, Rumilá, passei para as tais bolinhas, Mandrix, Mequalon, Artania, Optalidon e tudo ou qualquer coisa, que tivesse o milagroso efeito de me tirar daquela vida dolorosa e triste.

Eu era uma menina digna, com princípios morais acentuados e muito bem educada.
Temia o papai , em verdade, tinha pavor dele, até que um dia, dia de fúria dele, tive um surto, Arremessei cadeiras, gritei tudo que desejava falar, avancei nele e sai correndo para uma roseira no jardim, enfiei as mãos entre os galhos cheios de rosas e espinhos e os esfreguei contra o meu rosto, foi uma cena dantesca, pavorosa, eu sangrava profusamente, a vovó enlouquecida e o papai perplexo.
Apartir deste dia, todo o poder e pavor que o papai exercia sobre mim, caiu por terra, jamais ele me bateria e não teria mais qualquer influência sobre a minha pessoa.
Passaria eu, a ser submetida as drogas, troquei de feitor.
Por 29 anos fui escravizada pelas drogas.

Assim que me fortalecer, volto a dar continuidade a este relato.

3 comentários:

  1. amei ler vc, amiga! Continue pq está muito bom, mesmo. Não conhecia sua história e fiquei emocionada. Apesar de toda dor vivida, vc é uma pessoa abençoada e iluminada c/ muito amor.

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  2. valeu Alice !! muito legal !!!

    Os Diarios se interligam!!

    bjs do " Homem Invisivel"

    Rodrigo Santos

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  3. legal vc deve ter minha idade hoje pasei por iso tambem mais por motivos diferentes tomei charope fumei maconha ate os 18 anos mais sai hoje estou bem tenho uma vida normal ou quase normalacho que nunca seremos normais mais o quase ja esta bom continui estou me vendo em vc abracos

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