sexta-feira, 16 de outubro de 2009

A mamãe apenas aguardava a confirmação do casamento para desencarnar.
A tramitação dos documentos era lenta e complicada, os papeis vinham de MG para o Rio e voltavam, estava sempre faltando alguma coisa, enquanto isso a mamãe definhava.
No dia 16 de janeiro de 1976 ás 10:00 ela falecia e eu me casava.
Houve um almoço para poucos convidados, durante o almoço o clima era de apreensão, todos sérios e cabisbaixos, eu quase não reparei isto, pois estava feliz. O meu então marido e a minha sogra de fato, guardaram segredo até a despedida dos convidados, e logo me deram a notícia. Fiquei perplexa, acho que não acreditava na morte, jamais havia visto uma de perto.

Partimos para BH de carro, chegamos ás 04:00 da manhã e nos dirigimos para o hospital.
Chegando lá, fui direto para a capela onde encontrei um único caixão, era o dela, fiquei parada diante de uma ausência de vida, não entendia o que estava sentindo, mas sentia medo. Havia um véu sobre o rosto, tive vontade de ve-la, mas não tinha coragem, até que consegui e foi a coisa mais impactante que eu já vivera até aquele momento, era chocante a cara da morte, já não tinha mais a mamãe ali. As lágrimas desceram e o Rogério me tirou dali. Foram as únicas lágrimas que chorei, não fui ao enterro e tb nunca soube onde ela foi enterrada. Ali encerraria a minha história com a minha mãe.

De volta ao Rio, a vida me esperava, eu estava feliz e segura, tinha uma família e quase não usava drogas. A nossa vida fluia, tinhamos os amigos de antes e estavamos sempre juntos, o Renato era o amigo que eu realmente gostava, era muito animado, inteligente, a sua compania me agradava muito, mas ele tinha uma namorada terrível, invejosa, feia, maledicente e muito competente nas suas intrigas. Era a parte desconfortável, ela estava sempre entre nos, pois era a namorada do nosso melhor amigo, eu tinha que atura-la, o que fazia com alguma ingenuidade, não percebia toda a sua maldade. Em função das suas intrigas, eu vivia tendo que me justificar e recusando culpas que me eram atribuidas, mas ainda eram aborrecimentos leves.

Eu tinha vontade de ter um filho e participei isto a familia, a minha sogra foi contra, mas já era tarde, eu estava grávida!!! Foi o momento mais sublime da minha vida, eu me sentia plena, tudo pelo que eu já havia passado, me parecia nada diante de tamanho presente de Deus.
Disse adeus as drogas, cigarros e adotei uma vida saudável e durante toda a gravidez foi assim.
Isto, era a manifestação de um bom senso que me impediria de descer muito e garantir o mínimo de dignidade nos anos futuros.

Em breve, novas postagens.
Me sinto feliz por ter vcs para compartilhar a minha vida.
Dor dividida é dor diminuida.

4 comentários:

  1. Coloquie em dia minha leitura agora do seu "livro". Mas... onde mesmo que vc está vivendo agora?

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  2. Amiga, que turbilhão! Admiro vc por ter conseguido se afastar das drogas neste período tão conturbado. É emocionante ler vc. Agora entendo o que é ser seguidora. Dá vontade de ler mais. Sinto muita gratidão por sermos amigas. bjs

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  3. Menina... finalmente posso entender e conhecer melhor vc...

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  4. Mãe, é realmente emocionante tudo que leio. Meus olhos enchem de lágrimas, isso não é para qualquer um... Vc é muito forte.
    Cada dia me orgulho mais de vc, te admiro e te amo mais...

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