domingo, 11 de outubro de 2009

A mamãe tinha um namorado, um sujeito estranho..., eles eram sócios de uma fazenda em Goiás, onde havia plantações de arroz, por este motivo, viviam viajando e ficavam mais por lá do que no Rio, logo, eu já estava aos cuidados de outras pessoas.

O casal amigo era alcóolatra, tinham dois filhos e uma babá. Era muito querida por eles.
Certa vez a mamãe de volta de uma de suas viagens, se trancou no banheiro e não parava de vomitar, pensei que tivesse bebido, mas ela, como o papai, não bebia nada. Era a manifestação de um cancer duodenal que já a corroia e em breve a levaria a óbito.

Com o casal, eu ia a muitos lugares legais, tb não muito próprios para a minha idade, mas eu era amadurecida e muito desenvolvida para a idade (14 anos). Frequentava o teatro Casa Grande, o Luna bar e o Pier. Era o maxímo, e eu sempre com a muleta (droga).

Eu precisava camuflar o meu uso, chamar menos atenção para ele, foi quando tive uma idéia que me agradou muito.
Me lembrei que ouvi certa vez, que a castanha do cajú in natura, provocava uma forte queimadura em contato com a pele, tratei de achar um cajú, cortei ao meio a castanha e a coloquei em contato com a minha bochecha, resultou em uma feia queimadura. Gol, todos queriam saber o que havia acontecido, e a ferida não fechava nunca, pq eu vivia a alimentando.
Dissimulei, falei que tinha aparecido do nada, me levaram a diversos dermatologistas, todos intrigadíssimos em como aquilo acontecia, e eu sustentava a mentira.

A história do cajú durou meses, para logo dar espaço a uma nova estratégia, que consistia em uma simulação de problema no joelho. Certa vez fui parar no hospital MIguel Couto por algum motivo, lá fui atendida por um médico residênte e, logo me apaixonei (platônicamente), então, uni o "útil ao agradável", teria que continuar vendo o tal médico e a atenção estaria voltada para a minha perna, que ficou engessada por mais de um ano. Assim eu faltava as aulas, tinha tempo e liberdade para usar drogas sem ser incomodada.

Com a perna engessada, um dia no colégio, saimos para fazer o lanche (não tinha cantina na escola), comprei coca-cola e um sanduiche, me afastei das pessoas, quebrei a garrafa e enfiei o gargalo na boca, consegui promover uma cena patética, toda ensanguentaada fui levada de novo ao Miguel Couto. Tem um detalhe, o meu visinho, me visitava com alguma frequência nos intervalos, levava, por minha insistência, cartelas de mandrix, que eu tomava lá mesmo. Neste dia da garrafa eu havia tomado vários, tinha que desviar a atenção de mim para o ferimento.
Algo de muito errado estava acontecendo comigo, já era clara a 2ª comorbidade.

Até mais.

Um comentário:

  1. Esses relatos já me chocaram um pouco. Muito complicado tudo na sua vida, né????
    Fico orgulhosa de você ser como você é hoje. Imagina eu não ter mais você aqui comigo? Isso é porque Deus não quis. Ainda bem.
    Temos muito que vivermos juntas ainda.

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