segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Retomada do blog

A minha vida fluia com muita alegria e entusiasmo. Lidava com a inveja, que aliás sempre me acompanhou de perto, coisa que nunca consegui entender, pois tivera tão pouco e ainda assim, era e ainda sou alvo certo da inveja alheia, acho que pela minha alegria nata, minha capacidade de superação e pela minha boa índole.

A minha tão esperada e desejada filha nasceu, cercada por muitos mimos e cuidados. Nasceu com muita saúde e linda, recebeu o nome de Andrea. Era um amor de criança, muito boazinha.

A minha vida nesta época, parecia um conto de fadas, tinha o homem que amava, a filha desejada e segurança. Passeava diariamente no Parque Laje com ela, dividia os cuidados com a minha sogra, que era muito diligente.

A Andrea contava com alguns meses, quando nos mudamos para o apartamento de cobertura que ganhamos dos meus sogros na Tijuca. Lá as coisas começaram a ficar um pouco mais difíceis, eu era finalmente a dona da casa.

Encontrei muita dificuldade em exercer tal função, pois não sabia nada, a vovó não me havia preparado e também não teve tempo, tudo em mim era precoce. Eu tinha apenas 17 anos, uma filha, marido e uma casa. O meu marido tinha uma úlcera duodenal e requeria cuidados especiais com a alimentação, eu por minha vez não tinha, como não tenho até hoje, habilidades culinárias. Começou a ficar difícil, a Andrea exigia muita atenção (como qq bebe), o apartamento era relativamente pequeno, mas dava trabalho. Comecei a negligenciar.

Com o advento do apartamento, os amigos, que nos frequentavam na casa dos meus sogros, o faziam parcimoniosamente por ser a casa dos sogros, mas a coisa ficou muito diferente quanto passamos a ter o nosso lar. Virou a casa da "sogra" todos os dias a casa estava cheia, o Rogério estudava a noite e quando voltava, estava invariávelmente acompanhado de algum amigo e da namorada. Eles dormiam por lá mesmo, o que começou a me aborrecer. Todos usavam drogas e logo eu recomeçaria a me drogar.

A coisa começou devagar, para rapidamente dar espaço a uma compulssão desenfreada. Nada ajudava, ficava sosinha o tempo todo, o Rogério trabalhava período integral e estudava a noite, o endereço era Tijuca, quase ninguém, exeto os malucos (e a noite), iam me visitar, não conhecia ninguém naquele bairro que me parecia hostil. Eu começava a ficar nervosa com qq coisa, a Andrea não gostava de comer, isso me deixava muito aflita, aí eu brigava e dava palmadas nela, depois o remorso me atormentava, percebia que não estava me saindo bem como dona de casa, e várias outras coisas das quais não estava acostumada e tão pouco supus que aconteceriam, estavam acontecendo. Não era um conto de fadas, "era a vida como ela é".

Logo depois que a Andrea nasceu, me receitaram um remédio para ajudar a voltar ao peso anterior. Adorei, o remédio era uma anfetamina, ainda não conhecida por mim. Hipofagim, operava maravilhas na minha "vida", me induzia a uma disposição absurda e sempre tudo estava bem. Quando cheguei ao peso ideal, não conseguia mais viver sem a droga, passei a fazer dele (remédio) uso continuo e de acordo com o meu humor e atividades rotineiras.

Ainda não tinha me dado conta da gravidade da situação e ninguém me sinalizou nada, naquela época, tudo relacionado a drogas e aos seus efeitos, eram ainda ignorados, só havia o tabu.

Continuo em breve.
Só por hoje, estou limpa há 10 anos 8 meses e 22 dias.
Somente pela graça de DEUS, e pouco da minha boa vontade.

2 comentários:

  1. Amiga! É sempre com a Graça de Deus e Muito da sua Boa Vontade. Só com um pouco talvez vc não conseguisse. Eu agora agradeço sempre "Muito Grata", pq "obrigada" parece que é imposição ou má vontade.

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  2. Lembro da sua disposição para parar e de quanto foi duro. Do ap perto da Cobal e da grande força para recomeças que estava presente no seu sempre belo sorriso. beijo.

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